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Grammar

A Ortografia e esboço da gramática da língua Werikyana

1. A Ortografia

Antes de apresentar as letras da ortografia werikyana, queremos pedir que o leitor leva sempre em mente que escrita é uma coisa bem diferente da fala. Qualquer língua viva tem muito variação na fala, que os linguistas chamam de variantes ou dialetos, mas esta variação geralmente não atrapalha entendimento. Assim, a língua werikyana também tem variantes, congregado em pelo menos 2-3 dialetos, com falantes espalhados em muitas aldeias no Tumucumaque, no rio Trombetas, no rio Cachorro, e no rio Nhamundá. Falantes de cada variante da língua podem pronunciar palavras de um jeito um pouco diferente dos falantes dos outros dialetos, e podem até usar palavras diferentes para indicar a mesma coisa. Este tipo de variação indica que a língua tem vitalidade, que é viva mesmo. Mas um sistema de escrita que representa todas as variações na fala pode ficar muito difícil de aprender (e ensinar) de usar. Durante as primeiras duas oficinas, os representantes de todas as comunidades decidiram criar uma ortografia unificada, para fazer possível que cada palavra escrita em um lugar (por exemplo, numa cartilha feita em Missão Tiriós) pode ser lida em qualquer outra lugar aonde se fala a língua (por exemplo Aldeia Bananal no Rio Nhamundá). 

As letras da ortografia werikyana foram escolhidas durante duas oficinas que aconteceram em 2014, uma em agosto em Oriximiná e a outra em novembro na aldeia de Santo Antônio. Contamos nestas oficinas com a presença de quase todos os professores bilíngues Katxuyanas, e também com a presença das lideranças (incluindo os caciques) de várias aldeias, o presidente de AIKATUK, e vários anciões que se interessavam desde anos no estudo da língua. Este grupo trabalhou junto durante as duas oficinas para criar um sistema de escrita werikyana unificada e testar como funcionava. Desde este começo, continuamos trabalhando junto em outras oficinas, que deu para aperfeiçoar a ortografia que apresentamos aqui. Mesmo assim, afirmamos que este é um trabalho que continua andando, pois pode ser que mudamos algumas coisas nos anos que vem. Começamos com as letras, as consoantes e os vogais, passamos para estrutura silábica, depois o ritmo de fala. 

As letras da língua Werikyana

Consoantes: p, t, k, ’, s, tx, h, m, n, r, ry, w, y

Vogais: a, aa, e, ee, i, ii, o, oo, u, uu, ï, ïï

Nos exemplos que seguem, os grafemas aparecem entre colchetes (no primeiro exemplo [p]) seguida pela letra em itálico que decidimos usar para escrever este som (no primer exemplo p); depois vem uma palavra que mostra o som, escrito foneticamente entre colchetes (no primer exemplo [panaarï]; depois disso, seguem as palavras escritas italicizadas na ortografia werikyana (no primeiro exemplo panarï) e a tradução em português entre aspas (no primeiro exemplo, ‘minha orelha’).

Consoantes: p, t, k, ’, s, tx, h, m, n, r, ry, w, y

p panarï ‘minha orelha’ [panaarï]

t tuhakatxe ‘acordado’ [tuhaakatʃe]

tx txineko ‘veja!’ [tʃineeko]

k kuhakawï ‘eu acordei’ [kuhaakawï]

ʼ ta’ne ‘quente’ [taʔne]

s soro ‘este’ [soro]

h ahakawï ‘você acordou?' [ahaakawɨ]

m menewï ‘você o viu?’ [meneewï]

n nenewï ‘fulano o viu’ [neneewï]

r ireko ‘toque fogo!’ [iɾeeko]

ry arymatohu ‘cair’ [aɾjmatoohu]

r rono ‘terra’ [lono]

w wenewï ‘eu o vi’ [weneewï]

y yonewï ‘fulano me viu’ [joneewï]

Os sons que alguns querem escrever, mas que parecem não distintivos na língua são os seguintes:

O som da letra r aparece para falantes de portuguɨes como as vezes r e as vezes l. Mas não é nem o flap central r nem o sonorante lateral l do português, mas é um flap retroflexo lateralizado (no alfabeto internacional de fonøetica, [ɺ̜]). É por isso que os falantes nativos de línguas europeus (como o português) pensam que estão ouvindo às vezes o r  e às vezes o l. Porém, não existe contraste —em geral, o r da werikyana parece ter mais o som de l quando é seguido por as vogais a e o (tipo roro ‘papagaio’) e parece ter mais o som de r em frente das outras vogais, especialmente as vogais como ï, i, u (tipo panarï ‘minha orelha’).

A língua tem um segundo tipo de r, que está palatalizado, como mistura de r e y — o povo decidiu escrever esta letra como sequência: ry, como em aryha ‘beiju’ e warymawï ‘eu joguei’. A prova que r e ry são diferentes vem com um par mínima, em que a única diferença entre as duas palavras é que uma tem r e no mesmo lugar que a outra tem ry: warma ‘arumã’ vs. waryma ‘cupiúba’.

Muitas palavras podem ser pronunciadas ou com tx ou com x. Por exemplo, o próprio nome do povo Kaxuyana ~ Katxuyana, ou palavras tipo txineko ~ xineko. Não existe contraste entre estas pronúncias —  pode substituir um para o outro em quase qualquer palavra e não muda o sentido. Os falantes durante as primeiras oficinas disseram que tx é bem mais frequente na fala, e porém os falantes escolheram de representar sempre com tx e nunca com x. Nota-se que esta decisão muda as letras do nome do povo: antes destas oficinas, foi escrito Kaxuyana mas de 2014 para a frente, é escrito Katxuyana.

  • Vogais

Simples a e i o u ï

Longas aa ee ii oo uu ïï

Com glotal a’ e’ i’ o’ u’ ï’

Embora, na fala natural existe bastante variação nas vogais, com centralização não distintivo de o e a para [ə] ö (que é uma letra separada em Tiriyó), de e, i e u para [ɨ] ou [ɯ] ï, e das vogais i, e, o, e u para variantes mais relaxadas e um pouco centralizadas.  Este tipo de variação parece nunca mudar o sentido de uma palavra, pois a comunidade decidiu ficar com só estas seis vogais na escrita, porque na fala, todos os falantes da língua podem falar do seu próprio jeito sem se confundir.

  • Exemplos dos vogais simples:  

a ahaka ‘você acordou?’ [ahaakawï]

e ekaretohu ‘dizer, explicar’ [ekaaretoohu]

i irema ‘caititu’ [ireema]

o osoto ‘nome’ [osooto]

u uhu ‘morro, montanha’ [uhu]

ï isïsï ‘sol, dia’ [isïïsï]

  • Exemplos dos vogais longos:

aa aatxaa to ‘na sua aldeia’ [aatxaato] iyatkaaroko ‘queimando’ [iyatkaaroko]

ee heehenï ‘nome próprio’ [heehenï] ikreeroko ‘lubrificando’ [ikreeroko]

ii yiitohu ‘fazer’ [yiitohu] ewakiiroko ‘lixando’ [ewaakiiroko]

oo soorono ‘que é de hoje’ [soorono] i’mooroko ‘quebrando’ [i’mooroko]

uu otkuune ‘já está comendo’ [otkuu ne] ihuruuroko ‘assando’ [ihuuruuroko]

ïï asakïïro ‘dois juntos’ [asaakïïro] womokïïroko ‘me esperando’  [womookïïroko]

  • Exemplos dos vogais com glotais:

a’ ma’tawu ‘pacu’ [ma’tawu] ewya’ne ‘para eles’ [ewya’ne]

e’ we’tohu ‘meu jeito de ser’ [we’tohu] ekaretxe’ne ‘para dizerem’ [ekaaretxe’ne]

i’ i’mo ‘ovo’ [i’mo] pïtxi’ne ‘miudo’ [pïtxi’ne]

o’ we’to’me ‘para eu ser’ [we’to’me]  to’so ‘buscar’ [to’so]

u’ kutu’ho ‘encima de mim’ [kutu’ho] tumu’ne ‘branco’ [tumu’ne]

ï’ worï’txamï ‘mulheres’ [worï’txamï] tuwinarï’ne ‘cada um, um por um’ [tuwiinarï’ne]

  • Contrastes entre vogais simples, longos, e com glotal:

nehïwï ‘ele veio / chegou’ [ne .hïï .wï]

neehïwï ‘ele tomou banho’ [nee .hï .wï]
 

soro ‘este, aqui’ [so .ro]

sooro ‘agora, hoje’ [soo .ro]

so’ro ‘de novo?’ [so’ .ro]
 

ahorï ‘braço dele’ [ahoorï]

aahorï ‘braço de você’ [aahorï]

a’horï ‘sua alegria’ [a’horï]
 

akono ‘irmão dele’ [akoono]

aakono ‘irmão de você’ [aakono]
 

Em adição aos vogais listados acima, temos ditongos que terminam nos glides /w/ e /y/. Na primeira oficina, escolhemos de escrever com vogal seguida por ou w ou y.

  • Primeira decisão: escrever ditongos com w e y

owya ‘para você’     txaywa ‘fruta cacau’

ewya ‘para ele’       kuyhuru ‘cabeça’

kïwya ‘para nós’     kaykusu ‘onça’

ewnarï ‘nariz dele’  owoyto ‘cumaru’

Entre tanto, tinha pergunta ainda na primeira oficina se não seria melhor escrever ditongos como em português e tiriyó, com sequência de vogal mais u e i. Na segunda oficina, houve uma discussão prolongado com argumentos para as duas opções. Não foi possível chegar até um consenso, pois eles chegaram a um acordo em que foi decidido dividir jeito de escrever ditongos, um com vogal mais w e o outro com vogal mais i.

  • Segunda decisão: escrever um ditongo com w e o outro com i

owya ‘para você’       txaiwa ‘fruta cacau’

ewya ‘para ele’          kuihuru ‘cabeça’

kïwya ‘para nós’        kaikusu ‘onça’

ewnarï ‘nariz dele’     owoito ‘cumaru’

awkatohu ‘pentear’    eitohu ‘ralhar’   ihïitatohu ‘casar-se’

 

Prolongação vocalica elo ritmo que acentuação

Ao lado dos vogais longas que estamos escrevendo, também tem vogais prolongados por acento secundário. Este prolongamento rítmico a comunidade decidiu não escrever. Este ritmo está mais claro quando trata de uma sequencia de sílabas simples, de uma consoante e um vogal simples. O ritmo começa com primeira sílaba da palavra e acentua cada segunda vogal, conforme este padrão, em que você conta pares de sílabas e a segunda é sempre acentuada exceto que o último nunca ganha acentuação secundária. Assim, uma palavra pode terminar com duas sílabas não acentuadas, como towukatxe ‘exprimido’ ou tutxewetxewene ‘amarelo’. 

 

O ritmo de fala cria acento secundário, que parece vogal longo mas que não escrevemos como longo

            Com 3 sílabas tem o ritmo   [da.daa].da

            Com 4 sílabas tem o ritmo   [da.daa].da.da

            Com 5 sílabas tem o ritmo   [da.daa].[da.daa].da

            Com 6 sílabas tem o ritmo   [da.daa].[da.daa].da.da.

 

Eis alguns exemplos de palavras de 3, 4, 5, e 6 sílabas. 

                          3                                            

                   da.daa.da                                     

[o.txoo.txo]  otxotxo   ‘azedo’                        

[o.koo.ko]     okoko     ‘doe’                            

[tu.moo.ke]   tumoke   ‘fedorento’                  

                                    4

                            da.daa.da.da

[tu.hii.na.txe]              tuhinatxe                     ‘arrastado'

[to.wuu.ka.txe]            towukatxe                    ‘exprimido’

[ta.mii.ta.ke]                tamitake                      ‘largo’         

                                            5                          

                               da.daa.da.daa.da              

[tï.soo.ro.noo.ke]        tïsoronoke       ‘pitiu’        

[i.kïï.rï.rïï.nï]               ikïrïrïnï            ‘ilha’

[we.hoo.to.mïï.tï]        wehotomïtï      ‘lenha’

                                                   6

                                     da.daa.da.daa.da.da

[te.hee.te.hee.ma.nï]         tehetehemanï          ‘lama’

[tu.tuu.ma.txee.taki]          tutumatxetaki          ‘não derramado’

[tu.txee.we.txee.we.ne]     tutxewetxewene      ‘amarelo’

 

Outra razão para não escrever vogal acentuada como vogal longo é que não é consistentemente longo — quando muda o prefixo ou palavra antecedente, a sílaba acentuada pode mudar no mesmo raiz.

                        pana          [    pa   .naa .rï]            ‘minha orelha’

                    a-hanarï           [a .haa .na   .rï]            ‘tua orelha’     

 

                  rehno ya      [pï .reh .no .wïï .ya]    ‘para a pessoa’

                  yakïh wïya          [ya .kïh .wï .ya]           ‘para as velhas’

 

Este padrão de alongamento vocálico pelo ritmo fica mais complicado quando leva em conta que além de sílabas simples também tem sílabas pesadas. Definimos sílabas pesadas como sílabas que chamam o acento mesmo quando não estão na segunda posição de um par de sílabas. Observamos que estes sílabas frequentemente tem vogal seguido por outro consoante dentro da sílaba, tipo tuk em tukpore ‘doce’, ou kut em kutwosonetïwï ‘sonhamos’. Também vocal seguida por glotal conta como pesado, tipo e’ em e’hotxi ‘barba’. Depois de uma sílaba pesada, tem que começar de novo de contar pares de sílabas simples, pois quando a primeira sílaba é pesada, aí começa de novo de acentuar seguindo o ritmo que já conhecemos, com acentuação na segunda sílaba de cada par de sílabas simples, mas ainda nunca acentuando a última sílaba. 

 

O ritmo de fala quando primeira sílaba é pesada (termine com consoante)

            Com 3 sílabas tem o ritmo   daa.da.da

            Com 4 sílabas tem o ritmo   daa.[da.daa].da

            Com 5 sílabas tem o ritmo   daa.[da.daa].da.da

            Com 6 sílabas tem o ritmo   daa.[da.daa].[da.daa].da

                             3                                         

                      daa.da.da                                  

[tuk.po.re]       tukpore      'doce’                    

[at.po.ko]        atpoko       ‘fure!’                    

[ih.to.rï]           ihtorï         'descendo’             

[e'.ho.txi]        e’hotxi       ‘barba’                  

                                 4

                        daa.da.daa.da

[itx.mu.ruu.nu]                         itxmurunu      ‘flor’

[ik.mu.muu.ru]                          ikmumuru      ‘tipo de palmeira’

                                         5

                            daa.da.daa.da.da

[tuk.po.ree.ta.ki]      tukpore taki   ‘não doce’

[kït.ka.mii.ta.wï]      kïtkamitawï    ‘sangramos’

                                                           6

                                          daa.da.daa.da.daa.da

[kut.wo.soo.ne.tïï.wï]              kutwosonetïwï             ‘estamos sonhando’

[wem.ta.kaa.ra.kaa.wï]           wemtakarakawï           ‘eu me abri a boca’

 

Quando uma sílaba pesada aparece em posição não-inicial, puxa o acento sem seguir o padrão de pares de sílabas. Assim, quebra o padrão do ritmo que vimos com sílabas simples.

 

[kï.txee.hï’.no.hïï.wï]              kïtxehï’nohïwï             ‘ficamos com vergonha’

[wa.tak.ritʃ.ka.too.hu]             watakritxkatohu          ‘meu trabalho’

[wo.soo.noh.ya.sï]                  wosonohyasï               ‘estou rindo’

[wen.kut.wa.yih.ka.wï]            wenkutwayihkawï        ‘Eu fiz fulano ficar doido’

 

Mais um tipo de sílaba pesada é quando uma sílaba tem vogal longo — este tipo sempre puxa acento. Mesmo assim, é um pouco menos óbvio, pois geralmente a única coisa que identifica este tipo de sílaba pesada é o fato que puxa acento sem ser em posição forte de uma par de sílabas, como em estes exemplos

 

Vogal longo sempre puxa acento, frequentemente quebra o padrão do ritmo

[e.naa.hïï.ro.ko]       enahïïroko       ‘engolindo’

[tak.pii.re]                takpiire            ‘vermelho’

[ee.hï.rï]                   eehïrï               ‘está tomando banho’

[aa.kin.ha.mïï.wï]    aakïnhamïwï   ‘você cansou’

[an.mïï.ro.ko]          anmïïroko        ‘está levantando’

[tii.ya,sï]                   tiiyasï              ‘ele vai fazer / está fazendo’

 

Se uma pessoa não está acostumada de ouvir e notar acentuação, pode ser que vogal longo fica difícil de entender. É mais fácil ver que um vogal longo tem que ser escrito quando alguém que não fala a língua está tentando de ler e pronúncia um vogal longo como estivesse simples; mas na hora de escrever, não é sempre fácil. Assim, neste dicionário tentamos de escrever todos os vogais longos que encontramos, para ajudar o estudante de pronunciar corretamente quando lê. 

 

Variação dialectal: Alguns pronunciam vogal com glotal como vogal longo

wemo’katohu        [we .mo’ .ka .too .hu]      [we .moo .ka .too .hu]  ‘arrancar’

kutu’ho                  [ku. tu’ .ho]                      [ku. tuu .ho]                  ‘encima’

worï’txamï            [wo .rï’ .txa .mï]              [wo .rïï .txa .mï]           ‘mulheres’

ikuineto’me           [i .kui .ne .to’ .me]           [i .kui .ne .too .me]       ‘para cozinhar’

we’tohu                 [we’ .to .hu]                     [wee .to .hu]                 ‘meu jeito de ser’

we’to’me               [we’ .to’ .me]                   [wee .too .me]              ‘para eu ser’

enwo’ne                [en .wo’ .ne]                    [en .woo .ne]                ‘que eles sabem’

ma’taw                  [ma’ .taw]                        [maa .taw]                ‘peixe da família pacu’

o’nasï                    [o’ .na .sï]                        [oo .na .sï]                    ‘milho’

ewya’ne                 [ew .ya’ .ne]                    [ew .yaa .ne]                 ‘para eles’

 

Palavras com só duas sílabas: acento não é muito consistente e geralmente não escreve vogal longo

moro       [moro ~ mooro]       ‘esse (pouco distante)’

monï       [monï ~ moonï]        ‘aquilo’ (bem distante)’

moye       [moye ~ mooye]      ‘lá’

tawï        [tawï ~ taawï]           ‘em (dentro de lugar fechado)’

hoko       [hoko ~ hooko]        ‘em (afixado em paredi ou teto)’

wïya       [wïya ~ wïïya]         ‘para, por’

 

Resumo de regras de acentuação, que identificam quando um vogal fica acentuada pelo ritmo (e então não tem que escrever como vogal longo):

  • Cada sílaba pesada toma acento (este é a definição de sílaba pesada). Alem de puxar acento, como se reconhece sílaba pesada?
    • Sílaba que termina com consoante.
    • Sílaba que termina com glotal.
    • Sílaba que contém vogal longo.
  • O ritmo dá o resto da acentuação para sílabas simples.
  • A primeira e a última sílaba não são acentuadas
  • Quando tem um par de sílabas simples, a segunda é acentuada
  • Sílaba com vogal longo também está sempre pesado, mas como não tem nem consoante nem glottal no final, é mais difícil identificar.

Vogais longos são complicados de ouvir, pois o sistema de alongamento rítmica já cria vogais prolongados que a gente decidiu não escrever e então é necessário distinguir as vogais longas (que queremos escrever) de vogais prolongados pelo ritmo de fala (que não queremos escrever). O jeito mais fácil que encontramos até então é de pedir o linguista ler uma palavra como está escrita e se um falante quer corrigir acentuação do linguista, este geralmente implica que o escritor não indicou uma vogal longa. Além deste método, fizemos uma lista de sufixos que criam vogal longa, e então que criam palavras que sempre podem ser escritos com vogal longa. 

Como é que você descobre vogal longo?

  1. Pelo sufixo
  • Vogal antes de sufixo progressivo -roko vai ser sempre longo (sublineado)

                 ikreeroko         atpooroko         wooroko        ihuruuroko            ahsïïroko         

                  i’mooroko       akotooroko       arïïroko         awomïïroko           tuhotïïroko

  • Sufixos -yasï, -yanï, -yakïmï, -yatawï perdem o quando aparece depois da letra a ou o, deixando um aa longo: -aasï, -aanï, -aakïmï, -aatawï

                  nenemespaasï           nuhakaasï                 

                  nenemespaanï          nuhakaanï                

                  yonemespaakïmï      ihakaakïmï               

                  enemespaatawï        ihakaatawï               

2. Quando quebra o ritmo

  • Quando a primeira sílaba parece simples, mas tem o acento, o vogal é longo

                 wii.ya.sï      eu estou preparando              woo.hïwï         ‘eu vim’

                  mii.ya.sï      vocé está preparando             moo.hïwï         ‘você viu?

                  nii.ya.sï       ele está preparando                

                  kï.tii.ya.sï    nós estamos preparando        

  • Quando a primeira sílaba de um par parece simples, mas tem o acento, o vogal é longo

                             [nu.ha][kaa.sï]                    [ta’][kaa.ka]    [a.ha]naa tomu

Também encontramos um padrão em que uma sílaba com ou r ou w reduz para vogal longo, como se vê nos seguintes exemplos.

3. Quando perde r, deixa vogal longo

mïre              ahana           enmehï       woturuwï           wiriwï            itxmurunu

mïrer kumu     ahanar kumu   enmehïï tï’ke    oturko              tirko             itxmuutano

mïree tomu      ahanaa tomu                        wotuune            yiitohu

4. Quando perde w, deixa vogal longo. Por exemplo, quando a palavra termina em mas está sequida por uma partícula, pode perder toda a sílaba, deixando vogal longo.

nïnkï            nïnkïï ne          nïnkïï menï         wïya txineyata

nïnkïï soro       nïnkïï tutu                                            txineyataa wïya 

 

Os participantes nas oficinas acharam que sería possível aprender de escrever sempre estas formas mais frequentes, e assim lembrar de escrever a maioria de vogais longas. Uma novidade que vem com a decisão de sempre marcar vogal longo antes de especificados sufixos é que decidimos de marcar sempre cada vogal longa, sem se importar se apareça na posição forte (acentuada) ou fraca (não acentuada) no padrão rítmico. Antes da Oficina 8, so estávamos marcando vogal longa quando quebrou o padrão rítmico, mas agora vamos tentar de marcar sempre um vogal que sabemos é longa. Assim tentamos de marcar todas as vogais longas neste dicionário.

 

Como você descobre vogal com glotal? 

  • Não se pronuncia em todos os dialetos
  • Não tem em tiriyó, e assim os que creceram também falando tiriyó geralmente não pronunciam
  • Muitos (tal vez quase todas) das glotais vem de consoantes perdidas. É possível ver como acontece que consoante desaparece e deixa glotal quando flexiona um raiz verbal com 4 sufixos distintos:

-wï                     ‘Passado Imediato’

-ko                     ‘Imperativo’

-ne                     ‘Passado Recente / Pergunta’

-pïra / -hïra       ‘Negativo’ (nota: tem gente que pronuncia -hara mas foi decidido escrever -hïra)

  1. Quando cai h/p, resultado é glottal quando está antes de h ou m

                 katohu             tohu                       nee

                  kato me          to me                         ehko

                                                                        kïnehne

                                                                              ehïra

2. Quando cai k, resultado é glottal quando está antes de k mesmo

                   nïnwï           nuwon

                  owïnïko             owonuko

                   kïnnïkne         kunwonïkne

                       inïkpïra            iwonïkpïra

3. Quando cai tx, resultado é glottal quando está antes de t, s, tx, n, y

                   wetxiwï         nïmïtxiwï               meneyatxitxi

                       etxko           omïtxko                meneyatxi tutu

                  kïnene              omïta                  meneyatxi’ soro

                       etxpïra          imïtxpïra             meneyatxitx menï

4. Quando cai t, resultado é glottal quando está antes de t, s, tx, n, y

                 nïtawï            niyawï               kïnta’ne tutu

                     atatko              ayatko                kïnta’ne tu soro

                     atata           kinyane

                  kïntane              ayata

                      itatpïra           iyatpïra

5. Quando cai s, resultado é glottal quando está antes de t, s, tx, n, y

                     wahwï        nameyasï                           

                       ahïsko         nameyas menï

                  kïnahïne         nameya tutu

                       ahïta         nameya’ soro

                     nahïyasï

                     ahïspïra

Muitos dos glotais aparecem quando cai um consoante, e assim, quando você sabe que uma forma do verbo tem uma sílaba mais do que uma outra forma do verbo, e que a sílaba perdida começa com p, h, k, tx, t, ou s, você pode esperar que um glotal tem ficado no lugar da sílaba perdida.

 

2. A gramática relevante para margens das palavras

Começamos com o conhecimento científico que palavras curtas são mais fáceis de aprender a ler. Na fala parece que tem palavras bem cumpridas, mas é possível encontrar argumentos que são palavras distintas que estão pronunciadas como se tivessem partes da mesma palavra. Nestes casos, decidimos escrever como duas ou três palavras separadas. Tipos de palavras que costumam aparecer como parte da palavra antecedente, mas que estamos escrevendo separadamente, são frases de possessão (na ordem possuidor seguido pelo possuído), frases posposicionais (na ordem objeto de posposição seguido pela posposição), e quaisquer palavras seguidas por partículas. Seguem alguns exemplos tirados de textos que escrevemos nas oficinas. Exemplo 1 mostra a separação na escrita de frase de possessão amna ‘nossa’ e hawanaa‘amigo’, que aí é seguida pela partícula tomu ‘plural’, exemplo 2 mostra separação do modificador akan ‘grande’ do substantivo kuwama ‘casa’, que aí é seguida pela posposição taka ‘em/para’, e exemplo 3 mostra o substantivo asakono‘que são dois’ e a posposição nominalizado hokono ‘que é em/sobre’.

(1)       [amna hawaanaatomu] amna hawanaa tomu  ‘nossos amigos’

(2)       [akankuwaamataaka]      akan kuwama taka    ‘na casa grande’

(3)       [asaakïnoohokoono]         asakïno hokono       ‘os que são em/sobre os que são dois.’

 

Intuitivamente, é possível escrever juntos estas palavras, pois quando palavras estão juntadas em frases, no final das palavras que vem primeiras, caem na pronuncia qualquer vogal fraca (principalmentee ï , as vezes i, e infrequentemente o) ou até sílabas inteiras. Por exemplo, o rï final de amna pawanarï ‘nosso amigo’ cae frente da partícula tomu ‘plural’, deixando amna powanaa tomu. Como decidimos escrever separadamente, este levantou a pergunta se o vogal ou sílaba que caiu na fala deve ser escrito mesmo assim, ou se seria melhor deixar a palavra de um jeito mais fiel à fala, quer dizer escrever sem seu vogal ou sílaba final. Neste caso, os membros da comunidade decidiram não escrever nem o vogal caído nem a sílaba caída, como se vê nos exemplos 1-3 (já explicados) e 4-6. Na fala, se ouve mïrehoyittom (ex. 4) como se estivesse uma só palavra, mas na escrita, se separa em duas palavras: forma curta mïrehoyit de mïrehoyitï ‘menino jovem’, que perdeu vogal final ï, seguido pela forma curta tom de tomu ‘plural’, que perde u final frente da partícula hananno ‘também’. Na fala tambem se ouve iyotxirkumpoko (ex. 5) como se estivesse uma só palavra, mas que se separa na escrita em três palavras: forma curta iyotxir de iyotxirï ‘perna dela’ seguida pela forma curta kum da partícula kumu ‘plural’, seguido pela forma poko da posposição hoko ‘em’. Em exemplo (6), a separação já foi feito pelo escritor, mas o exemplo é interessante mesmo assim porque mostra que já na escrita, tinha gente não escrevendo vogais caidas, mesmo quando é o nome do próprio rio onde eles moram: katxur é forma curta de katxuru ‘Rio Cachorro’, que vogal final u quando vem antes da posposição kuwawï ‘no (sendo em líquido)’.

 

(4)       [mïrehoyittom hananno]                     mïrehoyit tom hananno          

(5)       [iyotxirkumpoko]                                 iyotxir kum poko

(6)       [katxurkuwawï]                                   katxur kuwawï

 

Uma lista parcial de Pronomes indefinidos e interrogativos

Em geral, quando você vê um pronome, você sabe que é palavra separada, não juntado nem com palavra que vem antes nem com a palavra que vem depois. Até as formas coletivas dos inanimados são partículas separadas.

nakï              ‘quem?’

timo              ‘que?’

nakï hena     ‘alguém’

timo hena     ‘algo’

me ahtawï? ‘quando?’

manto           ‘onde?’

mekto’me     ‘por que?’

miya             ‘como’

 

Posposições

Posposições são palavras que tomam ou substantivo ou prefixo pessoal como objeto e frequentemente tratam de localização em espaço (tipo itawï ‘nele’, Maharawanï hona ‘para Maharawanï’) ou tempo (takpiire ahtawï ‘quando fica vermelho / maduro’), ou em espaços cognitivos como conhecimento (onwo osma txirho ‘conhece o caminho’) e querer (inomoo txe taki wasï ‘não quero deixar’). As posposições mais frequentes são palavras curtas, de só uma ou duas sílabas, e então tem tendência de ser pronunciadas como se tivessem sufixos nas palavras antecedentes. Mas sempre escrevemos como separados, pois podem aparecer com prefixos pessoais, que sufixos nunca tomam.

Na gramática, as posposições têm três propriedades em comum: (1) elas sempre seguem um nome, ou verbo nominalizado; ou (2) elas vem flexionadas para pessoa por meio de prefixos pessoais; e (3) quando estão flexionadas para segunda pessoa, terceira pessoa, ou primeira pessoa mais segunda pessoa, elas têm possibilidade de levar em adição um sufixo de coletivo -’ne, que não aparece nem com substantivos nem com verbos.

Nos exemplos que seguem, os substantivos vêm com as posposições na primeira linha:  yu’ ‘mata’, tuna ‘água’, mïre ‘menino’, e wewe ‘pau’. Depois dos substantivos têm a forma das posposições que vem depois de objeto nominal. Aí descendendo em colunas, têm as formas de cada posposição flexionada para primeira pessoa, segunda pessoa, terceira pessoa, primeira pessoa com segunda pessoa (inclusivo), a terceira pessoa que tem correferência com sujeito, o recíproco (um com outro), primeira pessoa exclusivo (amna), segunda pessoa coletivo, terceira pessoa coletivo, primeira pessoa inclusivo coletivo, correferencial coletivo, e o recíproco coletivo. Nota-se que kuwawï ‘dentro de líquido’ só tem formas flexionadas para 3ª pessoa, pois eu e você nunca vamos ser líquido.

yu’  hokoyu’ tawïtuna kuwawïmïre yakorowewe hoye    mïre wara mïre wïya
pokoow tawï yakoropoyewarawïya
ohokoatawï aakoroohoyeawaraowya
ihokoitawïikwawïakoroihoyeiwaraewya
kuhokokïtawï kakorokïhoyekuwarakïwya
tuhokotïtawï takorotïhoyetuwaratïwya
ospokoo’tawï asakoroospoyeoswaraoswïya
amna hokoamna tawï amna yakoroamna hoyeamna waraamna wïya
ohoko’neatawï’ne aakoro’neohoye’neawara’neowya’ne
ihoko’neitawï’neikwawï’neakoro’neihoye’neiwara’neewya’ne
kuhoko’nekïtawï’ne kakoro’nekïhoye’nekuwara’nekïwya’ne
tuhoko’netïtawï’ne takoro’netïhoye’netuwara’netïwya’ne
ospoko’neo’tawï’ne asakoro’neospoye’neoswara’neoswïya’ne

Como a maioria de posposições tem 12 formas distintas, surgiu a pergunta nas oficinas de qual seria a palavra chave para pospsições na entrada do dicionário. Queriamos fazer do mesmo jeito de substantivos, em que tentamos de escolher a forma que não tem prefixo de pessoa, mas ficou complicado porque posposições sempre tem objeto, seja na forma de prefixo ou na forma de substantivo que vem antes da posposição dentro de sintagma posposicional. Na oficina de Yururu (janeiro de 2024) for decidido usar a forma da posposição que vem depois do substantivo, que é igual da forma que vem depois do pronome amna, e com poucas exceções, é também a mesma forma usada para primeira pessoa.

Mesmo que foi decidido que quase todas as posposições devem ser escritas como palavras separadas, encontramos um caso que decidimos pode ser uma exceção, que é quando a posposição hoye ‘com’ segue o pronome pessoal iro ‘isso’. Existem vezes em que a sequencia iro hoye tem o sentido esperado, de ‘com isso’, mas é mais comum o uso da frase que escrevemos como uma palavra só, irohoye. Escrevemos irohoye quando é usada para introduzir uma frase nova, com o sentido de ‘e aí’ ou ‘depois’, como uma continuação dos pensamentos anteriores. Nesta função, foi decidido escrever o conjunto como uma só palavra, irohoye. De jeito similar, a sequencia iro wara ‘igual isso’ as vezes tem o sentido de ‘por exemplo’, e neste caso escrevemos irowara. Mas diferentemente de irohoye, que é mais comum como uma só palavra, quando revisamos nossos textos das oficinas, iro wara quase sempre é escrita como duas palavras separadas.

 

Verbos

            Verbos são a parte de fala mais complicado, com muitos prefixos pessoais e muitos sufixos de vários tipos. Verbos codificam ações, eventos, e relações entre participantes, mas o que é mais marcante da categoria de verbos é a quantidade de morfologia (quer dizer prefixos e sufixos) — cada verbo intransitivo tem mais que 100 formas verbais disponíveis, e cada verbo transitivo tem mais que 400 formas verbais. Por causa da morfologia, nunca é difícil saber quando uma palavra é um verbo. Por causa de sufixos, também é sempre claro quando chega no final da palavra e qualquer coisa que segue, especialmente partículas, é escrito separado. 

A lista de sufixos finais para verbos é cumprido: -wï ‘passado imediato, -sï ‘futuro’,-yasï ‘não Passado Evidente’, -yanï ‘não passado duvida’, -tamï‘futuro com ir’, -ne ‘passado recente’, -yakïmï ‘passado recente imperfeito’, ‑mo ‘passado distante’, -yakinï‘ passado distante imperfeito’, -rï‘ progressivo intransitivo’, -:roko ‘progressive transitivo’, -pïra/-hïra/-hra‘ negativo’, -ko imperativo, -ta‘ imperativo ir e fazer’, e -tamko ‘imperativo vir e fazer’. Além destes, tem várias sufixos que mudam verbos para outros partes de fala, como ‑no ‘infinitivo’, ‑so/-txe ‘propósito de movimento; particípio’, -yatawï ‘se, quando’, -tohu ‘nominalização de circunstância’, -tpïrï/-nhïrï ‘nominalizado passado’, e -ne ‘nominalização de sujeito’.

Alem de todos estes sufixos, verbos tomam conjuntos diferentes de prefixos, conforme categoria de verbo (transitivo é diferente de intransitivo P  é diferente de intransitivo A) e categoria de sufixo (finito, diferente de progressivo e nominalizações, diferente de negativo, diferente de propósito de movimento, diferente de particípio). Com tanta morfologia que aparece no verbo, ficou difícil decidir qual forma do verbo usar para palavra chave. O infinitivo -no tem mais o gosto do infinitivo português, mais o infinitivo não aparece com todos os verbos — intransitivos todos tomam o infinitivo, mas só alguns verbos transitivos tomam o infinitivo. Na oficina em Alter do Chão em 2018, o grupo decidiu usar a nominalização em ‑tohu como palavra chave, pois cada verbo tem esta forma. Contudo, o sentido desta nominalização é mais específico, como instrumento ou lugar ou algo relevante para fazer a ação indicado pelo verbo. Assim, várias pessoas se estranharam de ter esta forma como palavra chave, indicando que seria melhor usar a forma do infinitive quando disponível. Então, foi decidido que, quando o verbo tem a forma infinitiva, vamos usar esta como palavra chave; quando um verbo não tem a forma infinitiva, então fica a forma com -tohu como palavra chave.

Uma nota final sobre verbos: como cada verbo tem tantas formas disponíveis, decidimos só colocar uma amostra no campo de morfologia, selecionando 12 formas que mostrariam a classe verbal e as várias formas do raiz do verbo. As formas são: 4 do progressivo, 4 do não passado pergunta, a nominalização com -tohu (se tiver infinitivo), o imperativo, o particípio, e o negativo. Para ilustrar, seguem exemplos destas 12 formas para alguns verbos e classes diferentes.

ahanotxirhamnotxenetohuarymatohuwatakinowosoorehno
‘secar’‘ficar triste’‘ver’‘jogar’‘errar tiro’‘assustar-se’
yaharïtxirhamïrïyoneerokoyarymaarokowatakirïwosoorehïrï
aaharïotxirhamïrïooneerokoarymaarokoawatakirïowosoorehïrï
aharïitxirhamïrïtxeneerokoarymaarokoatakirïosoorehïrï
kaharïkïtxirhamïrïkoneerokokarymaarokokuwatakirïkuwosoorehïrï
kahaanïkïtxirhamyanïweneyanïwarymaanïwatakiyanïwosoorehyanï
aahaanïotxirhamyanïmeneyanïmarymaanïmatakiyanïmosoorehyanï
nahaanïnïtxirhamyanïneneyanïnarymaanïnatakiyanïnosoorehyanï
kïtahaanïkï’txirhamyanïkïtxeneyanïkïtarymaanïkïtatakiyanïkïtosoorehyanï
ahatohuitxirhamtohuxxxxatakitohuosoorehtohu
aahakootxirhamkotxenekoarymakoatakikoosoorehko
tahatxetïtxirhamsotonesotarymasotaatakisotoosoorehso
ahahraitxirhampïratxenehraarymahraatakihraosoore'hïra


Se vê pelos prefixos pessoais que os primeiros 2 verbos, ahano ‘secar’ e txirhamno ‘ficar triste’ são verbos intransitivos simples; os próximos 2 verbos, txenetohu ‘ver’ e arymatohu ‘jogar’, são verbos transitivos, e os últimos 2 verbos, watakino ‘errar tiro’ e wosoorehno ‘assustar-se’, são verbos intransitivos reflexivos. Todos os verbos da língua werikyana podem ser divididos nestas três subclasses. Numa outra versão desta gramática, pretendemos mostrar paradigmas inteiras para as três subclasses de verbos, mas por enquanto, deixamos esta tarefa para o futuro.